CELULITE – PREVENIR E CUIDAR
O estigma da celulite
Quantas nádegas teremos mais que ver na televisão, outdoors, cartazes, cartonagem de cremes, panfletos e demais meios de divulgação a publicitar milagres contra a celulite?
Certamente que os leitores neste momento já estão a visualizar a clássica imagem de um rabinho jeitoso. Adornado por uma tanga modesta, uma perninha ligeiramente inclinada, o que imprime um ar natural à posição e realça os tonificados glúteos. E, claro, revestidos de uma pele lisa e morena, sem qualquer sinal de imperfeição. Está mesmo a ver, não está?
A celulite é provavelmente um dos distúrbios físicos mais explorados comercialmente. A mensagem é sempre a mesma: para obter este semblante, é só passar o creme e já está! Mas claro que não é. Para debelar a celulite há que a conhecer um pouco melhor e fazer um bocadinho mais de esforço para além da aplicação do cosmético.
O que é a celulite?
A celulite caracteriza-se por uma alteração do tecido adiposo, que compõe grande parte da hipoderme – camada mais profunda da pele.
Este tecido é essencialmente constituído por adipócitos, células responsáveis por armazenar gordura e isolar o corpo do frio.
O fenómeno da celulite acontece quando este tecido apresenta maior capacidade de lipogénese – captação/armazenamento de gordura – do que de lipólise – capacidade para a libertar/consumir.
Mas as razões para isto acontecer não estão ainda totalmente conhecidas.
Porque temos celulite?
É um processo cuja fisiopatologia não está bem definida. Ou seja, na prática, nenhum clínico descreve bem que fatores é que estão envolvidos no processo, e, dos que estão, quais são os mais preponderantes.
Sabe-se, no entanto, que fatores hormonais, genéticos, alimentares, circulatórios e até mesmo de postura podem ser significativos e portanto são esses fatores que se tentam controlar quando se trata de tratar ou prevenir esta condição.
Ao contrário do que é vulgarmente assumido, a celulite não está só associada ao excesso de peso nem só ao sexo feminino. Pessoas magras também podem sofrer deste distúrbio, assim como os homens.
Celulite nas mulheres
Nas mulheres, a celulite é considerada um caractere sexual secundário quando é pouco marcada, não sendo encarada como uma patologia. Observa-se mais facilmente nas mulheres porque naturalmente possuem mais adipócitos. Localizam-se especialmente no ventre, glúteos e coxas. Estas células de gordura apresentam-se separadas por septos perpendiculares à superfície da pele, que penetram até à derme.
É esta arquitetura do tecido adiposo feminino a responsável pelo aparecimento do aspeto “pele casca de laranja”.
Celulite nos homens
No entanto, este efeito na pele não acontece nos homens. O seu tecido adiposo apresenta menos adipócitos e, além disso, estão ordenados em tabiques oblíquos à superfície da pele. Este ordenamento masculino das células gordas não origina os clássicos sulcos cutâneos que caracterizam o aparecimento da celulite. Porém, não significa que os homens não a possam igualmente desenvolver. Só que apenas é visível em casos muito graves de distúrbio hormonal.
As fases de desenvolvimento
Por convenção, considera-se que a celulite se desenvolve em várias etapas. Os períodos podem ir de alguns meses a vários anos, sendo que, na prática, nem sempre se consegue definir tão bem os limites de cada fase.
Fase I – Sem manifestações clínicas. Verifica-se somente uma diminuição da circulação venosa e linfática, o que resulta numa acumulação de líquidos nos adipócitos.
Fase II – Aparecimento da pele “casca de laranja”, em resultado da acumulação de edema, por diminuição quase total do fluxo sanguíneo. Existe já alguma deterioração do tecido dérmico e hipodérmico. No entanto, o comprometimento ainda é somente estético.
Fase III – Começam a formar-se depósitos de colagénio reticulado entre os aglomerados de adipócitos. Isto provoca esclerose de algumas zonas da hipoderme. Os problemas circulatórios agravam-se ainda mais e estamos perante a fase de início de uma patologia.
Fase IV – Os depósitos de colagénio transformam-se em nódulos duros. Estes comprimem os vasos sanguíneos e as fibras nervosas, dando origem a uma dor permanente. A celulite, neste caso, já é considerada uma patologia.
Tratamento e Prevenção
Como já foi aqui abordado, os fatores que desencadeiam o aparecimento da celulite podem ser diversos e nem sempre estão bem definidos. No entanto, existe consenso entre os especialistas quanto ao principal objetivo que se deseja atingir quando queremos combater a celulite: Ativar a Lipólise.
Ou seja, potenciar a degradação da gordura acumulada no tecido adiposo e diminuir a lipogénese.
Prevenir
A melhor forma de o fazer é praticando exercício físico aeróbico, como caminhada, corrida e/ou bicicleta. Isto vai obrigar o corpo a desmobilizar a gordura dos adipócitos para a queimar no tecido muscular.
Ao mesmo tempo, este aumento de exercício físico potencia a irrigação sanguínea nas zonas de gordura. Assim, permite também eliminar líquidos e toxinas que aí se encontram acumuladas por falta de drenagem.